sábado, 19 de junho de 2010

Persas, fenícios e hebreus - 6º ano

Oriente Médio/Civilizações Hidráulicas

Região é berço das primeiras civilizações humanas

As primeiras civilizações humanas nasceram e se desenvolveram nas proximidades dos grandes rios, no Oriente. A aridez do clima e a baixa fertilidade do solo obrigaram essas sociedades a utilizarem, com racionalidade e eficiência, os recursos hídricos disponíveis para a prática da agricultura. Entre elas destacaram-se Egito e Mesopotâmia.

Egito

O rio Nilo foi responsável pelo florescimento da civilização egípcia. Suas margens eram aproveitadas para o cultivo de alimentos que sustentavam uma população organizada em comunidades camponesas, controladas por um Estado fortemente centralizado, a quem deveriam pagar pesados impostos. O faraó, assessorado por vasto corpo de funcionários, tinha poderes absolutos sobre a população. No Egito, as obras de irrigação (diques, depósitos de água, canais), realizadas por numerosa mão-de-obra escrava, permitiram o desenvolvimento da civilização.

Mesopotâmia

Situada entre os rios Tigre e Eufrates, a Mesopotâmia foi um importante império na Antigüidade. Alvo de permanentes ataques e invasões, sua história é marcada pela sucessão de dominações de povos de diversas origens: sumérios, assírios, babilônios... No início, os mesopotâmicos organizavam-se em cidades-estado que aos poucos deram lugar a um Estado centralizado. Entre os governantes mesopotâmicos, destacaram-se Assurbanipal e Nabucodonossor.

Essas civilizações produziram rica cultura, cujos vestígios ainda hoje podem ser vistos como as grandes pirâmides do Egito.
Ambas acabaram sendo dominadas pelos persas, povo militarista e guerreiro que construiu vasto império no Oriente.

Outras civilizações do Antigo Oriente
Ainda no Oriente, desenvolveram-se civilizações onde a agricultura não desempenhou papel econômico tão significativo como fenícios, hebreus e persas.

Fenícia

A principal atividade econômica dos fenícios foi o comércio marítimo. Dotada de vantagens geográficas e naturais, a Fenícia foi a civilização dos navegadores e mercadores da Antigüidade. A talassocracia (governo dos comerciantes) instalada na região destoava do restante do Oriente, onde a aristocracia controlava o poder e assegurava a hegemonia social. Da cultura fenícia herdamos o alfabeto com 22 letras. Também a Fenícia tornou-se província do Império Persa no século I a.C.

Pérsia

Os persas conquistaram vasto território no Oriente, chegando, inclusive a ameaçar o Ocidente, quando foram barrados pelos gregos durante as Guerras Médicas. Povo militarista e guerreiro, os persas conheceram o apogeu durante o reinado de Dario I, idealizador de um sistema administrativo altamente eficiente. Além de manterem uma postura de respeito aos usos e costumes dos povos dominados, os persas contavam com boa rede de comunicações (estradas reais), moeda única, governadores leais ao poder central... elementos que lhes permitiram assegurar o domínio sobre o império durante séculos. Foi somente no século I a.C. que o Império Persa foi subjugado por Alexandre da Macedônia.

Hebreus

A história hebraica é marcada por constantes deslocamentos, fixando-se durante séculos no território denominado Palestina. O solo pouco apropriado para a agricultura fez deles um povo de pastores, cuja característica mais conhecida foi o fato de serem a primeira civilização monoteísta da História.

O Judaísmo

As primeiras comunidades humanas costumavam adorar inúmeras divindades, normalmente associadas a fenômenos da natureza, da qual dependiam. Cultuavam o sol, a chuva, a terra, as águas, o fogo esperando que sua adoração permitisse-lhes uma vida de abundância. Mesmo os grandes impérios da Antigüidade, como Egito e Mesopotâmia, eram politeístas. O judaísmo, religião nascida entre os hebreus, foi a primeira religião monoteísta da qual se tem notícia.

A história do povo hebreu
Povo de origem semita (descendentes de Sem, filho de Noé), os hebreus fixaram-se na Mesopotâmia onde se organizaram em tribos. Seu primeiro Patriarca foi Abraão que abandonou o politeísmo e converteu-se ao monoteísmo, passando a adorar o deus Iavé (ou Jeová). Este lhe ordenou que abandonasse Ur e fosse para a Palestina (a "Terra Prometida") onde iniciaria uma numerosa e importante descendência. A aridez e a escassez de terras férteis na região levaram os descendentes de Abraão a abandonar a Palestina e migrar para o Egito, onde permaneceram como escravos por cerca de 500 anos.

Liderados por Moisés, os hebreus retornaram à Palestina por volta de 1250 a.C, num processo conhecido como Êxodo. Mas a região já havia sido ocupada por outro povo: os filisteus. De origem indo-européia, os filisteus haviam ocupado a zona costeira da Palestina entre Gaza e o Monte Carmelo por volta do século XIII a.C., depois de expulsar os cananeus. A unidade religiosa dos hebreus auxiliou-os na vitória sobre os filisteus, que foram subjugados, e lhes permitiu a reocupação do território.

A partir de então, os hebreus viveram o período mais glorioso de sua história: a Monarquia. As tribos se unificaram e passaram a respeitar um único chefe. Durante o reinado de Salomão, a atividade comercial intensificou-se e a produção artístico-cultural atingiu seu apogeu. Destaca-se a construção do Templo de Jerusalém.

Todavia, o império não sobreviveu à morte de Salomão. Seus filhos não chegaram a um acordo sobre a sucessão e dividiram o território: Israel, ao norte, e Judá, ao sul. O cisma enfraqueceu o império e favoreceu o domínio de diferentes povos sobre a região como os babilônios, os persas, os macedônicos e os romanos.

A Palestina foi, portanto, província do Império Romano e, nesse período, ocorreu um fato muito importante: o nascimento de Jesus, fundador de uma nova religião monoteísta chamada de cristianismo. A tradição judaica marcou profundamente a religião cristã, porém os hebreus não aceitaram Jesus como o salvador, o Messias. Os cristãos, mesmo sendo alvo de terríveis perseguições pelos imperadores romanos, já que renegavam a divindade do imperador, aumentaram consideravelmente em número nos primeiros séculos da Era Cristã e sua religião acabou se convertendo na religião oficial do Império Romano.

Ainda durante o domínio romano sobre a Palestina (por volta de 70 d.C.), ocorreu a Diáspora hebraica. Os hebreus abandonaram a Palestina e se dispersaram pelo mundo, concentrando-se, no início, na Europa, para, séculos depois, dirigir-se para a América. Assim, entre os séculos I e XX de nossa era, os hebreus foram um povo sem território, sem pátria, sem Estado, vítimas de grandes perseguições como as da Inquisição e do Nazismo. Sonhavam, contudo, em retornar à terra que Deus lhes havia prometido.

No final do século XIX, a Palestina era dominada pelos ingleses que praticavam uma forte política imperialista na região. Nessa época, iniciou-se um movimento denominado Sionismo, cujo objetivo era mobilizar a burguesia hebraica espalhada pelo mundo a pressionar a comunidade internacional a criar um Estado judeu na Palestina. Simultaneamente, ricos judeus adquiriam terras na região.

Foi, preciso, no entanto, o extermínio de cerca de 6 milhões de judeus pelos nazistas, para que o mundo, representado por um organismo internacional recém-criado e cujo objetivo maior seria preservar a paz entre os países, concordasse em dar aos judeus o território e o Estado tão desejado. Em 1948, foi criado o Estado de Israel em território palestino, acarretando sérios conflitos na região.

O Islamismo e a Expansão Árabe

O islamismo é uma religião monoteísta que nasceu na Península Arábica, durante a Idade Média, e se difundiu pelo Mediterrâneo ao longo dos séculos VII e VIII.

A Arábia pré-islâmica apresentava uma grande diversidade econômica: no deserto, viviam os beduínos, pastores que disputavam o controle sobre oásis, fontes e poços. Havia também importantes cidades comerciais, já que a Arábia era rota de caravanas que ligavam o Oriente ao Ocidente. Entre as mais importantes destaca-se Meca, controlada pela tribo coraixita.

Os árabes, povo de origem semita, viviam em tribos, não possuindo, portanto, um Estado unificado. Praticavam uma religião politeísta que cultuava ídolos cujas imagens estavam agrupadas na Caaba (templo), em Meca. Peregrinos de toda a Arábia realizavam peregrinações à cidade para adorar seus ídolos, fortalecendo ainda mais os mercadores de Meca.

Maomé

Nascido numa família pobre da tribo coraixita, Maomé ficou órfão ainda criança, sendo criado por um tio que procurou dar-lhe uma boa formação. Quando jovem, envolveu-se nas atividades comerciais, participando de caravanas que percorriam vastas regiões do Oriente, o que lhe assegurou rica experiência cultural, permitindo-lhe conhecer culturas e religiões variadas, que acabaram por influenciá-lo na formulação de sua doutrina.
Em 610, durante um retiro no deserto, Maomé recebeu uma mensagem divina através do anjo Gabriel que lhe disse: "- Só há um Deus, que é Alah, e Maomé é o seu profeta". A esta se seguiram outras revelações que impressionaram muito a Maomé.

Maomé, profeta de Alá, iniciou suas pregações entre os habitantes de Meca, mas não foi ouvido. Pelo contrário, sofreu muitas perseguições já que a defesa do monoteísmo ameaçava os negócios dos ricos mercadores da cidade. Em 622, Maomé teve que fugir de Meca e refugiou-se em Yatreb (depois Medina = a cidade do profeta) cidade comercial rival de Meca, onde foi acolhido por seus habitantes que adotaram sua doutrina. Esse episódio, chamado Hégira, marca o início do calendário islâmico.

Os ensinamentos do profeta Maomé foram reunidos no livro sagrado do islamismo chamado Alcorão. Nele se encontram os principais elementos da religião islâmica, entre os quais se destaca a importância do esforço para conquistar adeptos, denominado jihad (guerra santa).

Em 630, os seguidores de Maomé ocuparam e dominaram a cidade de Meca, realizando, de uma só vez, a unificação religiosa e política da Arábia.

A expansão islâmica

Após a morte do profeta, em 632, o poder passou a ser exercido pelos califas (sucessores do profeta) que ampliaram consideravelmente os domínios territoriais dos árabes-muçulmanos. Respaldados pela idéia da jihad, impulsionados pelo crescimento demográfico e escassez de terras férteis e favorecidos pela fraqueza econômica e política dos antigos domínios romanos, agora convertidos em reinos bárbaros, os califas construíram um vasto império que se estendia da Pérsia até a Península Ibérica, incluindo o Oriente Médio e o norte da África.

Dominando o Mediterrâneo, subjugando diferentes raças e culturas, os árabes, além de controlarem toda a atividade comercial da região, impedindo o acesso cristão, adotaram uma política de tolerância cultural em relação aos povos dominados. Dessa forma, influenciaram e receberam influências desses povos, além de terem contribuído muito para a preservação do legado cultural clássico.

Disputas políticas e religiosas entre os califas que governavam o império acabaram por enfraquecê-lo, tornando-o vulnerável a invasões e ataques como os dos turcos, mongóis e cruzados, que fragmentaram o poder dos árabes. A religião islâmica, porém, mesmo com o declínio político dos árabes, enraizou-se em diversas partes do mundo mediterrânico.

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