sábado, 19 de junho de 2010

Persas, fenícios e hebreus - 6º ano

Oriente Médio/Civilizações Hidráulicas

Região é berço das primeiras civilizações humanas

As primeiras civilizações humanas nasceram e se desenvolveram nas proximidades dos grandes rios, no Oriente. A aridez do clima e a baixa fertilidade do solo obrigaram essas sociedades a utilizarem, com racionalidade e eficiência, os recursos hídricos disponíveis para a prática da agricultura. Entre elas destacaram-se Egito e Mesopotâmia.

Egito

O rio Nilo foi responsável pelo florescimento da civilização egípcia. Suas margens eram aproveitadas para o cultivo de alimentos que sustentavam uma população organizada em comunidades camponesas, controladas por um Estado fortemente centralizado, a quem deveriam pagar pesados impostos. O faraó, assessorado por vasto corpo de funcionários, tinha poderes absolutos sobre a população. No Egito, as obras de irrigação (diques, depósitos de água, canais), realizadas por numerosa mão-de-obra escrava, permitiram o desenvolvimento da civilização.

Mesopotâmia

Situada entre os rios Tigre e Eufrates, a Mesopotâmia foi um importante império na Antigüidade. Alvo de permanentes ataques e invasões, sua história é marcada pela sucessão de dominações de povos de diversas origens: sumérios, assírios, babilônios... No início, os mesopotâmicos organizavam-se em cidades-estado que aos poucos deram lugar a um Estado centralizado. Entre os governantes mesopotâmicos, destacaram-se Assurbanipal e Nabucodonossor.

Essas civilizações produziram rica cultura, cujos vestígios ainda hoje podem ser vistos como as grandes pirâmides do Egito.
Ambas acabaram sendo dominadas pelos persas, povo militarista e guerreiro que construiu vasto império no Oriente.

Outras civilizações do Antigo Oriente
Ainda no Oriente, desenvolveram-se civilizações onde a agricultura não desempenhou papel econômico tão significativo como fenícios, hebreus e persas.

Fenícia

A principal atividade econômica dos fenícios foi o comércio marítimo. Dotada de vantagens geográficas e naturais, a Fenícia foi a civilização dos navegadores e mercadores da Antigüidade. A talassocracia (governo dos comerciantes) instalada na região destoava do restante do Oriente, onde a aristocracia controlava o poder e assegurava a hegemonia social. Da cultura fenícia herdamos o alfabeto com 22 letras. Também a Fenícia tornou-se província do Império Persa no século I a.C.

Pérsia

Os persas conquistaram vasto território no Oriente, chegando, inclusive a ameaçar o Ocidente, quando foram barrados pelos gregos durante as Guerras Médicas. Povo militarista e guerreiro, os persas conheceram o apogeu durante o reinado de Dario I, idealizador de um sistema administrativo altamente eficiente. Além de manterem uma postura de respeito aos usos e costumes dos povos dominados, os persas contavam com boa rede de comunicações (estradas reais), moeda única, governadores leais ao poder central... elementos que lhes permitiram assegurar o domínio sobre o império durante séculos. Foi somente no século I a.C. que o Império Persa foi subjugado por Alexandre da Macedônia.

Hebreus

A história hebraica é marcada por constantes deslocamentos, fixando-se durante séculos no território denominado Palestina. O solo pouco apropriado para a agricultura fez deles um povo de pastores, cuja característica mais conhecida foi o fato de serem a primeira civilização monoteísta da História.

O Judaísmo

As primeiras comunidades humanas costumavam adorar inúmeras divindades, normalmente associadas a fenômenos da natureza, da qual dependiam. Cultuavam o sol, a chuva, a terra, as águas, o fogo esperando que sua adoração permitisse-lhes uma vida de abundância. Mesmo os grandes impérios da Antigüidade, como Egito e Mesopotâmia, eram politeístas. O judaísmo, religião nascida entre os hebreus, foi a primeira religião monoteísta da qual se tem notícia.

A história do povo hebreu
Povo de origem semita (descendentes de Sem, filho de Noé), os hebreus fixaram-se na Mesopotâmia onde se organizaram em tribos. Seu primeiro Patriarca foi Abraão que abandonou o politeísmo e converteu-se ao monoteísmo, passando a adorar o deus Iavé (ou Jeová). Este lhe ordenou que abandonasse Ur e fosse para a Palestina (a "Terra Prometida") onde iniciaria uma numerosa e importante descendência. A aridez e a escassez de terras férteis na região levaram os descendentes de Abraão a abandonar a Palestina e migrar para o Egito, onde permaneceram como escravos por cerca de 500 anos.

Liderados por Moisés, os hebreus retornaram à Palestina por volta de 1250 a.C, num processo conhecido como Êxodo. Mas a região já havia sido ocupada por outro povo: os filisteus. De origem indo-européia, os filisteus haviam ocupado a zona costeira da Palestina entre Gaza e o Monte Carmelo por volta do século XIII a.C., depois de expulsar os cananeus. A unidade religiosa dos hebreus auxiliou-os na vitória sobre os filisteus, que foram subjugados, e lhes permitiu a reocupação do território.

A partir de então, os hebreus viveram o período mais glorioso de sua história: a Monarquia. As tribos se unificaram e passaram a respeitar um único chefe. Durante o reinado de Salomão, a atividade comercial intensificou-se e a produção artístico-cultural atingiu seu apogeu. Destaca-se a construção do Templo de Jerusalém.

Todavia, o império não sobreviveu à morte de Salomão. Seus filhos não chegaram a um acordo sobre a sucessão e dividiram o território: Israel, ao norte, e Judá, ao sul. O cisma enfraqueceu o império e favoreceu o domínio de diferentes povos sobre a região como os babilônios, os persas, os macedônicos e os romanos.

A Palestina foi, portanto, província do Império Romano e, nesse período, ocorreu um fato muito importante: o nascimento de Jesus, fundador de uma nova religião monoteísta chamada de cristianismo. A tradição judaica marcou profundamente a religião cristã, porém os hebreus não aceitaram Jesus como o salvador, o Messias. Os cristãos, mesmo sendo alvo de terríveis perseguições pelos imperadores romanos, já que renegavam a divindade do imperador, aumentaram consideravelmente em número nos primeiros séculos da Era Cristã e sua religião acabou se convertendo na religião oficial do Império Romano.

Ainda durante o domínio romano sobre a Palestina (por volta de 70 d.C.), ocorreu a Diáspora hebraica. Os hebreus abandonaram a Palestina e se dispersaram pelo mundo, concentrando-se, no início, na Europa, para, séculos depois, dirigir-se para a América. Assim, entre os séculos I e XX de nossa era, os hebreus foram um povo sem território, sem pátria, sem Estado, vítimas de grandes perseguições como as da Inquisição e do Nazismo. Sonhavam, contudo, em retornar à terra que Deus lhes havia prometido.

No final do século XIX, a Palestina era dominada pelos ingleses que praticavam uma forte política imperialista na região. Nessa época, iniciou-se um movimento denominado Sionismo, cujo objetivo era mobilizar a burguesia hebraica espalhada pelo mundo a pressionar a comunidade internacional a criar um Estado judeu na Palestina. Simultaneamente, ricos judeus adquiriam terras na região.

Foi, preciso, no entanto, o extermínio de cerca de 6 milhões de judeus pelos nazistas, para que o mundo, representado por um organismo internacional recém-criado e cujo objetivo maior seria preservar a paz entre os países, concordasse em dar aos judeus o território e o Estado tão desejado. Em 1948, foi criado o Estado de Israel em território palestino, acarretando sérios conflitos na região.

O Islamismo e a Expansão Árabe

O islamismo é uma religião monoteísta que nasceu na Península Arábica, durante a Idade Média, e se difundiu pelo Mediterrâneo ao longo dos séculos VII e VIII.

A Arábia pré-islâmica apresentava uma grande diversidade econômica: no deserto, viviam os beduínos, pastores que disputavam o controle sobre oásis, fontes e poços. Havia também importantes cidades comerciais, já que a Arábia era rota de caravanas que ligavam o Oriente ao Ocidente. Entre as mais importantes destaca-se Meca, controlada pela tribo coraixita.

Os árabes, povo de origem semita, viviam em tribos, não possuindo, portanto, um Estado unificado. Praticavam uma religião politeísta que cultuava ídolos cujas imagens estavam agrupadas na Caaba (templo), em Meca. Peregrinos de toda a Arábia realizavam peregrinações à cidade para adorar seus ídolos, fortalecendo ainda mais os mercadores de Meca.

Maomé

Nascido numa família pobre da tribo coraixita, Maomé ficou órfão ainda criança, sendo criado por um tio que procurou dar-lhe uma boa formação. Quando jovem, envolveu-se nas atividades comerciais, participando de caravanas que percorriam vastas regiões do Oriente, o que lhe assegurou rica experiência cultural, permitindo-lhe conhecer culturas e religiões variadas, que acabaram por influenciá-lo na formulação de sua doutrina.
Em 610, durante um retiro no deserto, Maomé recebeu uma mensagem divina através do anjo Gabriel que lhe disse: "- Só há um Deus, que é Alah, e Maomé é o seu profeta". A esta se seguiram outras revelações que impressionaram muito a Maomé.

Maomé, profeta de Alá, iniciou suas pregações entre os habitantes de Meca, mas não foi ouvido. Pelo contrário, sofreu muitas perseguições já que a defesa do monoteísmo ameaçava os negócios dos ricos mercadores da cidade. Em 622, Maomé teve que fugir de Meca e refugiou-se em Yatreb (depois Medina = a cidade do profeta) cidade comercial rival de Meca, onde foi acolhido por seus habitantes que adotaram sua doutrina. Esse episódio, chamado Hégira, marca o início do calendário islâmico.

Os ensinamentos do profeta Maomé foram reunidos no livro sagrado do islamismo chamado Alcorão. Nele se encontram os principais elementos da religião islâmica, entre os quais se destaca a importância do esforço para conquistar adeptos, denominado jihad (guerra santa).

Em 630, os seguidores de Maomé ocuparam e dominaram a cidade de Meca, realizando, de uma só vez, a unificação religiosa e política da Arábia.

A expansão islâmica

Após a morte do profeta, em 632, o poder passou a ser exercido pelos califas (sucessores do profeta) que ampliaram consideravelmente os domínios territoriais dos árabes-muçulmanos. Respaldados pela idéia da jihad, impulsionados pelo crescimento demográfico e escassez de terras férteis e favorecidos pela fraqueza econômica e política dos antigos domínios romanos, agora convertidos em reinos bárbaros, os califas construíram um vasto império que se estendia da Pérsia até a Península Ibérica, incluindo o Oriente Médio e o norte da África.

Dominando o Mediterrâneo, subjugando diferentes raças e culturas, os árabes, além de controlarem toda a atividade comercial da região, impedindo o acesso cristão, adotaram uma política de tolerância cultural em relação aos povos dominados. Dessa forma, influenciaram e receberam influências desses povos, além de terem contribuído muito para a preservação do legado cultural clássico.

Disputas políticas e religiosas entre os califas que governavam o império acabaram por enfraquecê-lo, tornando-o vulnerável a invasões e ataques como os dos turcos, mongóis e cruzados, que fragmentaram o poder dos árabes. A religião islâmica, porém, mesmo com o declínio político dos árabes, enraizou-se em diversas partes do mundo mediterrânico.

Renascimento - 7º ano

Renascimento nas artes

Desenvolvimento cultural na Idade Moderna

Sob a influência das idéias humanistas, o Renascimento floresceu na Europa ocidental. O desenvolvimento renascentista não foi homogêneo em todas as regiões. Variou de um lugar para o outro, mas seu maior esplendor aconteceu na Itália, em especial na cidade de Florença, mas também na região de Flandres e na Alemanha. De modo geral, eram localidades em que o comércio fez surgir uma burguesia rica, que se dispôs a financiar a produção artística e intelectual da época.

Famílias de mercadores-banqueiros, os próprios reis, ou então a Igreja, contratavam os melhores artistas para fazerem em suas cidades suntuosos edifícios, palácios, igrejas, estátuas, pinturas ou até mesmo para produzirem obras de arte em suas residências. Conhecidos como mecenas (referência a um patrocinador das artes na Roma antiga), essas pessoas tornaram-se protetoras da produção cultural renascentista, garantindo o sustento desses artistas.

Em Florença, por exemplo, os Médici eram a família mais rica da cidade. A fortuna deles iniciara-se graças à atividade do banqueiro Cosimo di Médici (1389-1464). Ele fundou uma academia dedicada aos estudos da filosofia de Platão e foi responsável pelo sustento de escultores, pintores e arquitetos que transformaram Florença em uma verdadeira obra de arte a céu aberto.


De modo geral, pode-se dizer que o Renascimento ocasionou uma imensa renovação nos mais variados campos do conhecimento e produziu artistas, pensadores, cientistas cujos trabalhos influenciaram toda a produção intelectual dos séculos seguintes.


Fé e razão

Durante a Alta idade Média (do século 5 ao 10), vigoraram na arte os estilos romanesco e gótico, de caráter essencialmente religioso. A arte - sobretudo pintura, escultura e arquitetura -, patrocinada pela Igreja visava transmitir ao homem as idéias de fé teocêntricas (concepção que tem Deus - do grego, Théos - como centro de todas as coisas), marcadas por um caráter místico que procurava afastar o ser humano de seus interesses terrenos.

Na pintura, a transformação teve início com Giotto (1267-1337), que apresentava trabalhos com motivos naturais e figuras humanizadas. Por volta desse mesmo período, durante a primeira fase do Renascimento, Dante Alighieri (1265-1321), contemporâneo de Giotto, escreveu a "Comédia" (depois chamada de "Divina"), consagrando o idioma florentino, ou a língua italiana, praticamente como é conhecida hoje. Estava chegando ao fim a hegemonia do latim, língua do clero, como veículo de transmissão de conhecimento. E a valorização dos idiomas regionais ou nacionais (vernáculo) será de grande influência para o surgimento posterior de Estados nacionais, libertos do domínio feudal.

Além de Dante, Francesco Petrarca (1304-1374) também escreveu poesia, valorizando uma temática comprometida com a existência humana, o amor de um homem por uma mulher, e apresentando os valores essencialmente humanos da antiga civilização greco-romana. Dessas obras, como de muitas outras, originou-se o antropocentrismo, que situa o homem (do grego ánthropos) como centro das preocupações e valoriza a razão em detrimento da fé.

Destacou-se, também, no século 14, Giovanni Boccaccio (1313-1375), mestre de irreverência que se expressou no vernáculo italiano em sua obra máxima, o "Decameron", uma coletânea de contos, na qual retrata os costumes populares e o panorama social da sua época.


Segunda fase do Renascimento

O século 15, os anos Quatrocentos, compreende a segunda fase do Renascimento. Trata-se de um período marcado por um maior desenvolvimento das artes em geral e do comércio. Nesse século, por exemplo, aconteceram as grandes navegações, devido às necessidades de se encontrarem rotas marítimas fora do Mediterrâneo. Num ímpeto comercial extraordinário, portugueses e espanhóis conquistaram o Atlântico, abrindo caminho para a Índia e para o Novo Mundo.

A pintura, em Florença, deu-se ao luxo de apresentar correntes diversas, que tinham como representantes Tommaso Masaccio (1401-1428), de estilo naturalista, Fra Angélico (1390?-1455), que desenvolveu uma arte mais ou menos próxima do estilo gótico, e Sandro Botticelli (1445-1510), que sintetizou as correntes anteriores.


A arquitetura, a literatura e as artes plásticas se irradiaram da Itália para os outros países europeus. Ao norte, em Flandres, destacaram-se pintores que retrataram o cotidiano da alta burguesia. O exemplo mais famoso é o quadro que mostra o casal Arnolfini, de autoria de Jan Van Eyck (1395-144l), um dos precursores da pintura a óleo, que substituiu muitas das técnicas anteriores e se tornou uma das formas de pintura mais sofisticadas, até nossos dias. Também na Alemanha surgiram nomes de destaque, como Albrecht Duhrer (1471-1528), que retratou em sua obra o declínio do feudalismo.


Expansão do movimento renascentista

O século 16, o dos anos Quinhentos, correspondeu à terceira fase do Renascimento. Ele foi marcado por uma maior expansão do movimento cultural em toda a Europa. Na Itália, destaca-se Leonardo da Vinci (1452-1519), que deu enorme contribuição à ciência e à arte. É importante lembrar ainda o nome do matemático, físico e astrônomo Galileu Galilei (1564-1642), um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento científico do período.

Ainda nas artes plásticas, é imprescindível considerar o nome de Michelangelo Buonarroti (1475-1564), autor dos afrescos da capela Sistina, e de esculturas como Davi, Moisés, e outras, que por suas dimensões gigantescas evidenciam a concepção de grandeza do ser humano que vigorou no Renascimento.

No período do Quinhentos se difundiu o termo "humanista" por toda a Europa. Se a Itália apresentou nomes como o de Nicolau Maquiavel (1469-1527), que se destacou na literatura, política e filosofia, na Inglaterra e na França surgiram figuras do porte de Thomas Morus (1478-1535), François Rabelais (1494-1553) e Michel de Montaigne (1533-1592).


Obras e idéias

Maquiavel, em sua obra "O Príncipe", descreveu o modelo do governante perfeito, lançando as bases da ciência política. Também foi autor do livro "História de Florença", no qual, juntando informações históricas com reflexões políticas, aborda alguns dos acontecimentos mais marcantes da cidade que se transformou em símbolo do Renascimento.

Thomas Morus escreveu "Utopia", obra na qual idealizou uma cidade perfeita em que vivem harmoniosamente governantes e governados. Com essa idealização, o autor inglês, na verdade, estava fazendo uma profunda crítica à sociedade de seu tempo, principalmente contra os detentores do poder.

Rabelais (1494-1533) foi um dos escritores mais populares do período. Com as divertidas histórias dos gigantes Gargântua e Pantagruel, o autor satirizou com muita ironia e argúcia a igreja, a superstição e a represd são que dela se originavam. Outro romancista que se consagrou nesse período foi o espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616). Em sua obra mais importante, "Dom Quixote dela Mancha", escrita entre 1605 e 1616, o autor não apenas satirizou os romances de cavalaria, que faziam grande sucesso na época, como também discutiu as agruras da alma humana.


Evolução filosófica

No campo da filosofia, Montaigne (1533-1592) propunha o ceticismo como método, afirmando que a dúvida é uma atitude necessária diante de tudo, pois impede o fanatismo e desenvolve a tolerância, mostrando que ninguém é dono da verdade. Em termos, formais, sua obra também traz inovações: o "ensaio", um gênero que rompe com o rigor lógico das dissertações filosóficas.

Também no plano filosófico, deve-se destacar o nome de Erasmo de Roterdã (1466-1536), humanista holandês que conciliou os novos valores com o cristianismo e criticou a postura retrógrada da igreja no livro "Elogio da Loucura". Suas formulações teóricas, no entanto, acabaram desagradando tanto aos católicos quanto aos adeptos da Reforma religiosa.


Camões e Shakespeare

Em Portugal o Renascimento daria provas de sua fertilidade. Com Gil Vicente (c. 1465-1537) seriam lançadas as bases da dramaturgia em língua portuguesa. O autor escreveu diversos autos, entre os quais se destacam "O Auto das Barcas" e "A Farsa de Inês Pereira". O poeta Sá de Miranda (1481-1558), voltando da Itália, introduziu em seu país o novo estilo que foi brilhantemente manejado por Luís de Camões (1527-1580), em especial em sua monumental epopéia "Os Lusíadas", que reflete o esplendor e a miséria da expansão portuguesa, ao mesmo tempo que narra toda a história do país, mesclando mito e realidade.

Na Inglaterra, William Shakespeare (1564-1616), adotando as medidas poéticas italianas e adaptando o soneto ao seu idioma, também se imortalizou como dramaturgo genial, produzindo tragédias, refletindo a miséria e a grandeza da condição humana. Entre suas principais obras sobressaem "Hamlet" e "Macbeth", embora ele tenha ficado mais popular com a tragédia "Romeu e Julieta".


Declínio do período renascentista

Em fins do século 16, entretanto, as obras artísticas ou filosóficas já revelavam certas diferenças estilísticas em relação àquelas que se convencionou chamar de renascentistas, e refletiam mudanças em curso no plano sociopolítico. O Renascimento começava então a desaparecer.

Entre as principais causas desse desaparecimento está o fato de que parte da Igreja, acomodando-se ao modo de vida capitalista, rompeu com o retrógrado clero romano, promovendo diversas reformas religiosas que originaram novas igrejas cristãs. A partir daí, a Europa dividida entre católicos e protestantes tornou-se um continente em crise, onde predominam o obscurantismo, o fanatismo, as guerras religiosas e as fogueiras da Santa lnquisição. Nesse terreno árido, de medo e de incerteza, o Renascimento perdeu o equilíbrio e a harmonia que o fizeram florescer

Independência das colônias hispano-americanas - 8ºano

A INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA


No início do século XIX a América hispânica, inspirada nas idéias liberais do Iluminismo, travou sua guerra de independência vitoriosa contra colonialismo espanhol para, em seguida, fragmentar-se em um grande número de jovens repúblicas oprimidas por caudilhos militares, exploradas por oligarquias rurais e acorrentadas a uma nova dependência econômica imposta pelo capitalismo industrial inglês.

A CRISE DO SISTEMA COLONIAL

O fim do Antigo Regime nas últimas décadas do século XVIII foi conseqüência das transformações ideológicas, econômicas e políticas produzidas pelo Iluminismo, pela Revolução Industrial, pela independência dos Estados Unidos e pela Revolução Francesa. Estes acontecimentos, que se condicionaram e se influenciaram reciprocamente, desempenharam um papel decisivo no processo de independência da América espanhola.

As elites da América colonial encontraram na filosofia iluminista o embasamento ideológico para seus ideais autonomistas. A luta pela liberdade política encontrava sua justificativa no direito dos povos oprimidos à rebelião contra os governos tirânicos e á luta pela liberdade econômica na substituição do monopólio comercial pelo regime de livre concorrência.

"A Revolução Industrial Inglesa: Viu-se a necessidade de substituir o monopólio comercial por livre concorrência".

Por esta época a Revolução Industrial inglesa inaugurava a era da indústria fabril e da produção mecanizada. A exportação das mercadorias inglesas exigia a abertura dos mercados americanos ao livre comércio e esbarrava nos entraves criados pelo pacto colonial.

O monopólio comercial favorecia apenas as metrópoles que lucravam duplamente revendendo os produtos coloniais à Europa e as manufaturas inglesas às suas colônias. Esta política monopolista, entretanto, prejudicava tanto a burguesia inglesa quanto as elites coloniais, e, assim, o desenvolvimento do moderno capitalismo industrial acelerou a crise do antigo sistema colonial mercantilista.

E a quebra do pacto colonial e sua substituição pelo libre comércio só poderia se fazer através da independência das colônias em relação às antigas metrópoles.

"A independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa aceleraram o fim do sistema colonial luso-espanhol".

A independência das treze colônias e a formação dos Estados Unidos, primeiro país soberano do Novo Mundo, tornaram-se o exemplo e a fonte de inspiração para os movimentos latino - americanos que lutavam pela emancipação política e pela ruptura do pacto colonial. O regime republicano, baseado no pensamento iluminista, exerceu enorme fascínio sobre a aristocracia "criolla" da América Espanhola.

O maior impacto veio, entretanto, da Revolução Francesa, cujas conseqüências se fizeram sentir tanto na Europa quanto na América. A ascensão de Napoleão Bonaparte, a imposição da supremacia francesa à Europa e o estabelecimento do Bloqueio Continental contra a Inglaterra desferiram um golpe de morte no decadente sistema colonial ibero-americano.

A invasão de Portugal pelos franceses rompeu o pacto colonial luso-brasileiro e acelerou a independência do Brasil, ao mesmo tempo em que a ocupação da Espanha por Napoleão e a imposição de José Bonaparte como rei do país desencadearam as lutas de independência nas colônias da América espanhola

A CONJUNTURA HISPANO - AMERICANA

No início do século XIX, quando ocorreu o choque entre a Revolução Industrial inglesa e a Revolução Francesa, o império colonial espanhol na América estava dividido, em termos administrativos, em quatro vice-reinados e quatro capitanias gerais.

"A administração colonial: vice-reinados e capitanias gerais. Os entraves do monopólio comercial".

Os vice-reinados existentes eram Nova Espanha ( México e parte do território atualmente pertencente aos Estados Unidos), Nova Granada ( Colômbia e Equador), Peru e Prata ( Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai). As capitanias gerais eram Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile.

Os cargos de vice-rei e capitão-geral eram exercidos por representantes da Coroa vidos diretamente da Espanha, como o eram igualmente todos os altos postos da administração colonial. Desta forma, o aparelho político-administrativo colonial era dominado e monopolizado por espanhóis natos.

A economia colonial baseava-se na exportação de matérias-primas e, portanto, era dependente do mercado externo monopolizado pela metrópole através do pacto colonial. A mineração baseava-se na extração de ouro e prata e estava concentrada no México e na Bolívia.

A agricultura tropical desenvolveu-se na América Central e nas Antilhas, com base no sistema de "plantation", ou seja, grandes propriedades monoculturas, trabalhadas por escravos. A pecuária concentrava-se principalmente no México e no vice-reinado do Prata. O comércio era praticado nas grandes cidades portuárias, como Buenos Aires, Valparaíso, Cartagena e Vera Cruz.

A Espanha exercia o monopólio comercial entre suas colônias e a Europa, o que afetava os interesses econômicos da elite colonial, obrigada a vender, a baixos preços, seus produtos à metrópole e dela comprar, a altos preços, as manufaturas importadas. O mesmo acontecia com os comerciantes e industriais ingleses, forçados a aceitar a intermediação da Espanha e impedidos de vender diretamente as suas mercadorias à América.

O fim do monopólio comercial interessava, assim, tanto à elite colonial como à burguesia inglesa, à medida que ambas aumentariam seus lucros com a adoção do livre comércio. Esta convergência de interesses foi um fator decisivo para a vitória do movimento de independência hispano-americano.

"A sociedade colonial: brancos, mestiços, índios e negros. Os conflitos entre a aristocracia 'criolla' e os 'chapetones'.".

Por essa época a sociedade colonial era formada por uma população de dez milhões de habitantes, divididos em diversas classes sociais. Os brancos constituíam cerca de três milhões e trezentos mil e classificavam-se em chapetones e criollos. Os chapetones, perto de trezentos mil, eram os espanhóis natos que, monopolizando o poder político, dominavam os altos cargos da administração colonial.

Os criollos, cerca de três milhões, eram descendentes de espanhóis nascidos na América e formavam a elite econômica e intelectual da colônia, à qual pertenciam os latifundiários, comerciantes, profissionais liberais e membros do baixo clero.

A contradição entre a estrutura econômica, dominada elos criollos (partidários do livre comércio), e a estrutura política, controlada pelos chapetones (defensores do monopólio metropolitano), foi também um dos fatores importantes do processo de independência.

Os mestiços, descendentes de espanhóis e índios, eram cerca de cinco milhões e dedicavam-se ao pequeno comércio e ao artesanato, enquanto os índios, mais de dez milhões, constituíam a mão-de-obra explorada na mineração e na agricultura. Os negros, perto de oitocentos mil, concentravam-se principalmente nas Antilhas e formavam a mão-de-obra escrava utilizada nas plantations tropicais.

Embora sendo esmagadora minoria, eram os criollos e os chapetones que dominavam e determinavam a condução das relações econômicas e políticas das colônias hispano-americanas e era a eles que interessava a ligação com a metrópole ou o rompimento de laços com ela.

Assim, a guerra de independência caracterizou-se por ser uma luta entre os criollos, apoiados pela Inglaterra, e os chapetones, apoiados pela Espanha, pelo domínio do aparelho político-administrativo.

A ditadura militar no Brasil - 9º ano

Ditadura militar (1964-1985)



Breve história do regime militar



As intervenções militares foram recorrentes na história da república brasileira. Antes de 1964, porém, nenhuma dessas interferências resultou num governo presidido por militares. Em março de 1964, contudo, os militares assumiram o poder por meio de um golpe e governaram o país nos 21 anos seguintes, instalando um regime ditatorial.

A ditadura restringiu o exercício da cidadania e reprimiu com violência todos os movimentos de oposição. No que se refere à economia, o governo colocou em prática um projeto desenvolvimentista que produziu resultados bastante contraditórios, tendo em vista que o país ingressou numa fase de industrialização e crescimento econômico acelerados, sem beneficiar, porém, a maioria da população, em particular a classe trabalhadora.


Antecedentes do golpe

Os militares golpistas destituíram do poder o presidente João Goulart, que havia assumido a presidência após a inesperada renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Sua posse foi bastante conturbada e só foi aceita pelos militares e pelas elites conservadoras depois da imposição do regime parlamentarista. Essa fórmula política tinha como propósito limitar as prerrogativas presidenciais, subordinando o Poder Executivo ao Legislativo. Goulart, contudo, manobrou politicamente e conseguiu aprovar um plebiscito, cujo resultado restituiu o regime presidencialista.

O presidente, entretanto, continuou a não dispor de uma base de apoio parlamentar que fosse suficiente para aprovar seus projetos de reforma política e econômica. A saída encontrada por Goulart foi a de pressionar o Congresso Nacional por meio de constantes mobilizações populares, que geraram inúmeras manifestações públicas em todo o país.

Ao mesmo tempo, a situação da economia se deteriorou, provocando o acirramento dos conflitos de natureza classista. Todos esses fatores levaram, de forma conjunta, a uma enorme instabilidade institucional, que acabou por dificultar a governabilidade.

Nessa conjuntura, o governo tentou mobilizar setores das Forças Armadas, como forma de obter apoio político, mas isso colocou em risco a hierarquia entre os comandos militares e serviu como estímulo para o avanço dos militares golpistas.

Em 1964, a sociedade brasileira se polarizou. As classes médias, as elites agrárias e os industriais se voltaram contra o governo e abriram caminho para o movimento dos golpistas.


Os governos militares

•Governo Castello Branco (abril de 1964 a julho de 1967):

O marechal Humberto de Alencar Castello Branco esteve à frente do primeiro governo militar e deu início à promulgação dos Atos Institucionais. Entre as medidas mais importantes, destacam-se: suspensão dos direitos políticos dos cidadãos; cassação de mandatos parlamentares; eleições indiretas para governadores; dissolução de todos os partidos políticos e criação de duas novas agremiações políticas: a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que reuniu os governistas, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que reuniu as oposições consentidas.

Em fins de 1966, o Congresso Nacional foi fechado, sendo imposta uma nova Constituição, que entrou em vigor em janeiro de 1967. Na economia, o governo revogou a Lei de Remessa de Lucros e a Lei de Estabilidade no Emprego, proibiu as greves e impôs severo controle dos salários. Castelo Branco planejava a transferir o governo aos civis no final de seu mandato, mas setores radicais do Exército impuseram a candidatura do marechal Costa e Silva.


•Governo Costa e Silva (março de 1967 a agosto de 1969):

O marechal Arthur da Costa e Silva enfrentou a reorganização política dos setores oposicionistas, greves e a eclosão de movimentos sociais de protesto, entre eles o movimento estudantil universitário. Também neste período os grupos e organizações políticas de esquerda organizaram guerrilhas urbanas e passaram a enfrentar a ditadura, empunhando armas, realizando sequestros e atos terroristas. O governo, então, radicalizou as medidas repressivas, com a justificativa de enfrentar os movimentos de oposição.

A promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968, representou o fechamento completo do sistema político e a implantação da ditadura. O AI-5 restringiu drasticamente a cidadania, pois dotou o governo de prerrogativas legais que permitiram a ampliação da repressão policial-militar.

Suprimidos os direitos políticos, na área econômica o novo presidente flexibilizou a maioria das medidas impopulares adotadas por seu antecessor. Costa e Silva não conseguiu terminar seu mandato devido a problemas de saúde. Afastado da presidência, os militares das três armas formaram uma junta governativa de emergência, composta pelos três ministros militares: almirante Augusto Rademaker, da Marinha; general Lira Tavares, do Exército; e brigadeiro Sousa e Melo, da Aeronáutica.

Ao término do governo emergencial, que durou de agosto a outubro de 1969, o general Médici foi escolhido pela Junta Militar para assumir a presidência da República.


•Governo Médici (novembro de 1969 a março de 1974):

O general Emílio Garrastazu Médici dispôs de um amplo aparato de repressão policial-militar e de inúmeras leis de exceção, sendo que a mais rigorosa era o AI-5. Por esse motivo, seu mandato presidencial ficou marcado como o mais repressivo do período da ditadura. Exílios, prisões, torturas e desaparecimentos de cidadãos fizeram parte do cotidiano de violência repressiva imposta à sociedade.

Siglas como Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e Doi-Codi (Destacamento de Operações e Informações-Centro de Operações de Defesa Interna) ficaram conhecidas pela brutal repressão policial-militar. Com a censura, todas as formas de manifestações artísticas e culturais sofreram restrições. No final do governo Médici, as organizações de luta armada foram dizimadas.

Na área econômica, o governo colheu os frutos do chamado "milagre econômico", que representou a fase áurea de desenvolvimento do país, obtido por meio da captação de enormes recursos e de financiamentos externos. Todos esses recursos foram investidos em infra-estrutura: estradas, portos, hidrelétricas, rodovias e ferrovias expandiram-se e serviram como base de sustentação do vigoroso crescimento econômico. O PIB (Produto Interno Bruto) chegou a crescer 12% ao ano e milhões de empregos foram gerados.

A curto e médio prazo, esse modelo de desenvolvimento beneficiou a economia, mas a longo prazo o país acumulou uma dívida externa cujo pagamento (somente dos juros) bloqueou a capacidade de investimento do Estado. A estabilidade política e econômica obtida no governo Médici permitiu que o próprio presidente escolhesse seu sucessor: o general Ernesto Geisel foi designado para ocupar a Presidência da República.


•Governo Geisel (março de 1974 a março de 1979):

O governo do general Ernesto Geisel coincidiu com o fim do milagre econômico. O aumento vertiginoso dos preços do petróleo, principal fonte energética do país, a recessão da economia mundial e a escassez de investimentos estrangeiros interferiram negativamente na economia interna.

Na área política, Geisel previu dificuldades crescentes e custos políticos altíssimos para a corporação militar e para o país, caso os militares permanecessem no poder indefinidamente. Ademais, o MDB conseguiu expressiva vitória nas eleições gerais de novembro de 1974, conquistando 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e as prefeituras da maioria das grandes cidades. Por essa razão, o presidente iniciou o processo de distensão lenta e gradual em direção à abertura e à redemocratização.

Não obstante, militares radicais (denominados pelos historiadores como a "linha dura"), que controlavam o sistema repressivo, ofereceram resistência à política de liberalização. A ação desses militares gerou graves crises institucionais e tentativas de deposição do presidente.

Os casos mais notórios de tentativas de desestabilizar o governo ocorreram em São Paulo, quando morreram, sob tortura, o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manoel Fiel Filho.

O conflito interno nas Forças Armadas, decorrente de divergências com relação à condução do Estado brasileiro, esteve presente desde a tomada do poder pelos militares até o fim da ditadura.

No entanto, Geisel conseguiu superar todas as tentativas de desestabilização do seu governo. O golpe final contra os militares radicais foi dado com a exoneração do ministro do Exército, general Sílvio Frota.

Ao término do mandato de Geisel, a sociedade brasileira tinha sofrido muitas transformações. A repressão havia diminuído significativamente; as oposições políticas, o movimento estudantil e os movimentos sociais começaram a se reorganizar. Em 1978, o presidente revogou o AI-5 e restaurou o habeas corpus. Geisel conseguiu impor a candidatura do general João Batista Figueiredo para a sucessão presidencial.


•Governo Figueiredo (março de 1979 a março de 1985):


João Baptista de Oliveira Figueiredo foi o último general presidente, encerrando o período da ditadura militar, que durou mais de duas décadas.

Figueiredo acelerou o processo de liberalização política e o grande marco foi a aprovação da Lei de Anistia, que permitiu o retorno ao país de milhares de exilados políticos e concedeu perdão para aqueles que cometeram crimes políticos. A anistia foi mútua, ou seja, a lei também livrou da justiça os militares envolvidos em ações repressivas que provocaram torturas, mortes e o desaparecimento de cidadãos. O pluripartidarismo foi restabelecido. A Arena muda a sua denominação e passa a ser PDS; o MDB passa a ser PMDB. Surgem outros partidos, como o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).

O governo também enfrentou a resistência de militares radicais, que não aceitavam o fim da ditadura. Essa resistência tomou a forma de atos terroristas. Cartas-bombas eram deixadas em bancas de jornal, editoras e entidades da sociedade civil (Igreja Católica, Ordem dos Advogados do Brasil, Associação Brasileira de Imprensa, entre outras). O caso mais grave e de maior repercussão ocorreu em abril de 1981, quando uma bomba explodiu durante um show no centro de convenções do Rio Centro. O governo, porém, não investigou devidamente o episódio.

Na área econômica, a atuação do governo foi medíocre, os índices de inflação e a recessão aumentaram drasticamente.

No último ano do governo Figueiredo surgiu o movimento das Diretas Já, que mobilizou toda a população em defesa de eleições diretas para a escolha do próximo presidente da República. O governo, porém, resistiu e conseguiu barrar a Lei Dante de Oliveira. Desse modo, o sucessor de Figueiredo foi escolhido indiretamente pelo Colégio Eleitoral, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheu o deputado Tancredo Neves como novo presidente da República. Tancredo derrotou o deputado Paulo Maluf. Tancredo Neves, no entanto, adoeceu e morreu. Em seu lugar, assumiu o vice-presidente, José Sarney